Arquivos por mês 21 de dezembro de 2020

Impasse do Orçamento na Educação X Fatec

Abraham Weintraub assumiu o Ministério da Educação (MEC) em abril, de 2019, durante o primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro, com o objetivo de “acalmar os ânimos” depois das polêmicas envolvendo seu antecessor, Ricardo Vélez. As polêmicas, porém, estavam longe de terminar: primeiro, o Ministério da Educação (MEC) teve um contingenciamento de verbas de cerca de R$ 6 bilhões, à espera da reforma da Previdência e por causa do que o ministro chamou de “situação dramática do país do ponto de vista fiscal”.

Primeiramente quem sentiu os efeitos foram as universidades federais, que tiveram recursos congelados e foram alvo de acusações, por parte de Weintraub, de “balbúrdia” e de terem “plantações de maconha” e “laboratórios de drogas”. Além das universidades federais, o ensino superior de maneira geral foi afetado também, pelo congelamento do orçamento da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que levou ao corte de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Houve manifestações em mais de 200 cidades do país, aponta levantamento do G1. Bolsonaro disse que bloqueou a verba para educação porque precisa e chamou os manifestantes de ‘idiotas’. Atos foram pacíficos.

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/05/15/cidades-brasileiras-tem-atos-contra-bloqueios-na-educacao.ghtml

Meses após o desbloqueio, o Ministério da Educação (MEC) anunciou durante coletiva de imprensa, em 18 de outubro de 2019, o descontingenciamento de cerca de R$ 1,1 bilhão para as universidades e institutos federais. 

As discussões acerca destes assuntos estendeu-se por todo o ano de 2020 também. Já com o fator ”pandemia” sendo levado em conta. Uma vez que na primeira semana do mês atual, foi posto em votação no senado, o projeto de lei que regulamenta o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que torna o fundo permanente foi aprovado pelo Congresso em agosto e promulgado. O texto previa algumas mudanças no texto original da Lei, mudanças que não foram bem aceitas por muitos senadores e também para a população. Repasses de recursos do Fundeb para o sistema S (Termo que define o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica), e a contagem de matrículas e repasse de recursos do Fundeb para escolas confessionais (religiosas), filantrópicas e assistenciais (ensinos fundamental, médio e contraturno escolar.

O investimento do país em educação é, atualmente, de R$ 3,6 mil por aluno. Na estimativa do senador Flávio Arns (Podemos-PR), relator da PEC do Fundeb no Senado, o investimento chegará a R$ 5,5 mil por aluno em 2026. Ainda em agosto do ano passado, na época da votação da PEC na Casa, ele afirmou que se o Fundeb não existisse, o investimento seria em torno de R$ 500 por aluno.

E a vitória foi da educação pública, pois foi aprovado na Câmara o relatório original do Fundeb! Os recursos do Fundeb são das escolas públicas!

As Fatecs

A Fatec, Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, é uma instituição de ensino superior público que formam tecnólogos em 3 ou 4 anos para o mercado de trabalho. Mais adiante darei detalhes sobre o perfil dos profissionais tecnólogos que se graduam nestas instituições, não se preocupem. Quem administra as Fatecs é o Centro Paula Souza (CPS), uma autarquia dentro do Estado de São Paulo, com diretrizes e normas próprias reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação).

Atualmente existem 73 Fatecs espalhadas pelo estado de São Paulo oferecendo 77 cursos, e são classificadas em 10 eixos tecnológicos. A primeira Fatec criada é a unidade de Sorocaba – José Crespo Gonzalés em 1970 com o curso de Mecânica e posteriormente o curso de Processamento de Dados e a Fatec de São Paulo com os cursos de Tecnologia em Construção Civil, nas modalidades: Edifícios, Obras Hidráulicas e Movimento de Terra e Pavimentação. Confira na imagem abaixo a distribuição das Fatecs dentro do Estado de São Paulo.

Quem mantém as Fatecs são a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência , Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.

O compromisso social da Universidade e não só dela, mas de todos os níveis da educação é potencializar a formação humana. É garantir que a educação, enquanto bem público, concretize o seu papel: formação e transformação do indivíduo em cidadão (consciência do seu papel) atuante na sociedade. Formação esta competente, técnica, mas acima de tudo ética e com valores humanísticos. O profissional antes de mais nada é cidadão, atuante na esfera pública.

As crises atuais que não são apenas crises econômicas, apresenta sinais claros de tentativas de deterioração do que é público e de fragilidade das premissas dos direitos fundamentais. O futuro das universidades públicas , nos modelos que existem hoje, erguidas com o tripé ensino, pesquisa e extensão, vai exigir um movimento de reafirmação do compromisso social do povo. Precisa chegar ao povo, para juntos intervirem no cenário político recessivo. Em tempos de negacionismo, banalização de autoritarismo é preciso ficar atento, interessar-se. As instituições públicas são nossas e devemos defendê-las.

Abraços, Gregório

P-Tech – AMS – CPS

Uma nova modalidade de integralização surge na estrutura do Centro Paula Souza entre suas duas principais instituições: Fatec e Etec. Articulação da Formação Profissional Média e Superior (AMS)

O P-Tech possibilita a articulação do Ensino Médio, Técnico e Superior: ao concluir o ciclo de três anos, o aluno poderá cursar o Ensino Superior Tecnológico em mais dois anos na Fatec correspondente, sem necessidade de novo Vestibular.

A iniciativa começou em caráter experimental no primeiro semestre de 2019 no qual alunos, do curso técnico escolhido, continuam seus aprendizados nas salas da Fatec, sem que tenha que ser submetido a um novo processo seletivo.

A modalidade baseia-se em uma experiência internacional e surgem com parcerias com a IBM e Volkswagen.

Com o P-TECH, os alunos receberão formação sobre as novas tecnologias, mentoria do setor privado e experiências nos ambientes de trabalho, permitindo que obtenham um diploma do ensino médio, técnico e superior em áreas como IA, Nuvem e Segurança Cibernética, alinhadas com as novas habilidades desejadas nos profissionais.

O aluno contemplado pela essa modalidade do Ptech, em 5 anos passará pelo Ensino Médio, Técnico e superior Tecnológico dentro da instituição. Para efeito de comparação, se o aluno desejasse essas mesmas três oportunidades, de forma não articulada pelo P-Tech, passaria pelo menos 6 ou 7 anos e meio na instituição, dependendo da situação.

Além desta experimentação, o aluno terá a oportunidade de realizar 200 horas de atividades práticas dentro de empresas do setor de tecnologia,  somadas às três mil horas regulares do curso.

Como funcionará o P-Tech – AMS

O estudante inicia seus estudos na Escola Técnica pelo Ensino Médio com Habilitação Técnica Profissional em Desenvolvimento de Sistemas por exemplo. Ao concluir o ciclo de três anos, o aluno poderá completar o curso superior tecnológico de Análise e Desenvolvimento de Sistemas com mais dois anos de estudo. Além da Habilitação em Desenvolvimento de Sistemas, há outras três habilitações ofertadas: Administração, Logística e Química.

Desta forma, eles aprendem uma profissão técnica, vivenciam a experiência profissional, e ingressam no ensino superior na Fatec para aprofundar seus conhecimentos na área.

Esse tipo de integralização entre os níveis de ensino é interessante e fundamental para o aluno que já está exclarecido sobre as possibilidades daquela carreira e “não quer perder tempo” em ter que passar pelo processo seletivo novamente.

A nossa sugestão para a proposta do P-Tech AMS, é para que essa possibilidade aconteça, sem a obrigatoriedade ou o requisito do Ensino Médio também na instituição. Possibilitando que alunos do ensino técnico abreviem o seu tempo de entrada e continuem m seus estudos nas Fatecs se assim o desejarem.


Links de apoio para consulta:

https://www.cps.sp.gov.br/comecam-aulas-de-articulacao-dos-ensinos-medio-tecnico-e-superior/

https://www.cps.sp.gov.br/novotec-integrado-ams-amplia-acesso-a-educacao-profissional/

https://www.cps.sp.gov.br/tag/p-tech/


Espero que o artigo tenha sido útil.

Grande abraço,
Gregorio


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Vale a pena interromper um curso na Fatec para fazer outro curso?

Cada pessoa tem seu estilo. O meu lema é, terminar tudo o que começo. Mas confesso, que se você levar essa convicção a ferro e fogo, isso pode significar perda de tempo. E não é isso que precisamos em nossa vida. 

O meu conselho aos que escolheram um curso e logo que entram já pensam em desistir é: ou saía de vez sem criar vínculo algum, ou, dê a chance ao arrependimento. E no caso da escolha da segunda opção, tenha cursado pelo menos 2 semestres na faculdade para uma decisão assertiva.

É como o caso do Steve Jobs, não que você precise seguir os passos dele, mas foi desta maneira que ele construiu o império da Apple. Onde em sua juventude como aluno de  Computação na Reed College, o curso que literalmente o fez mudar e revolucionar o mundo foi o de uma disciplina extracurricular, a caligrafia. Inclusive recomendo a leitura da sua biografia.

Por isso é importante que a participação do aluno seja  total nas atividades acadêmicas, bem como nas extracurriculares, por exemplo: Semanas de Tecnologia, Maratonas, Gincanas, Palestras, Cursos, Visitas e etc. Para que tenha base na hora de tomar a decisão de trocar ou não de curso. 

E, se o seu desejo for de fato interromper, use uma manobra acadêmica permitida, que é o  Trancamento de Curso.  Você poderá parar por até 2 semestres sem perder a sua matrícula. Leia a matéria onde falo mais a respeito:

E por último, caso deseje, cancele a sua matrícula. Saiba como aqui:


Grande abraço,

Gregorio


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